
Quando a primeira edição do Festival Música Alimento da Alma (MADA) aconteceu, em 1998, Natal ainda não conhecia alguns dos símbolos que hoje moldam sua paisagem urbana como o Midway Mall, a Ponte Newton Navarro e o estádio Arena das Dunas. Mas o MADA já se impunha como realidade concreta, agitava a cena cultural do nosso estado, abria caminho para novas sonoridades e fortalecia um sentimento de orgulho e identidade potiguares.
Vinte e sete anos depois, em 2025, esse reconhecimento oficial, que há muito já era merecido, finalmente chegou. Um projeto de lei aprovado esta semana pela Assembleia Legislativa do RN conferiu ao MADA o status de Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte. Uma iniciativa mais do que justa da deputada estadual Divaneide Basílio, que segue para sanção do governo do RN.
Essa semana @festivalmada foi reconhecido como patrimônio do RN. Ele surgiu há 27 anos, na esteira da criação do primeiro calendário de festivais de música "alternativa" do Brasil. Essa matéria da MTV de 1998 é registro histórico da primeira edição do evento. pic.twitter.com/UtPKMhhSwI
— Vitor Pimentel (@pimentelvitor) August 14, 2025
Se o RN tem marcas que definem sua cultura, o MADA é uma delas. Poucos eventos atravessaram tanto tempo sem perder relevância. O festival resistiu a crises econômicas, sobreviveu à pandemia e se reinventou em um cenário musical cada vez mais fragmentado, sem abrir mão da sua essência que é dar espaço para artistas locais e nacionais. A partir dele, despontaram nomes como Karol Conká, Criolo, Baco Exu do Blues e Duda Beat.
Também “tá na conta” do MADA ter colocado o RN na rota dos shows internacionais, trazendo atrações “da gringa” como Franz Ferdinand (Escócia), Mayra Andrade (Cabo Verde / Cuba) , Josh Rouse (EUA) , The Walkmen ( EUA) , Juvenilles (FRA), entre outros.
“O reconhecimento do MADA como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Norte é também um tributo à história de todos os eventos que pavimentaram o caminho da nossa cena cultural, como o inesquecível Festival de Artes do Forte e tantas outras iniciativas que inspiraram e resistiram antes de nós. Fazemos parte dessa corrente de criatividade que atravessa gerações, e receber este título reafirma o nosso compromisso de manter viva a energia que sempre fez do RN um território fértil para a arte e a música, fortalecendo o turismo, atraindo visitantes e consolidando o nosso estado como parte do circuito dos grandes festivais de música do país”, conta Jomardo Jomas, fundador do festival.

Mais do que música, o MADA construiu uma atmosfera acolhedora. Diversidade de públicos, estilos e comportamentos convivem em harmonia, criando uma pluralidade sonora e identitária que vem se fortalecendo como uma das principais marcas registradas – e capital simbólico – das últimas edições.
O evento já ocupou a Rua Chile, na Ribeira, a Via Costeira e o bairro das Rocas, até firmar seu palco na Arena das Dunas, onde vem sendo realizado nos últimos anos. Ou seja, sua trajetória é feita de deslocamentos e reinvenções. Até o nome MADA nasceu de um acaso poético inspirado por um texto de Jolian Joumes, irmão do fundador, que dizia “quando acaba a água do homem do sertão, resta a música, que é o alimento da alma”.
O MADA não é apenas um festival, é um retrato vivo da alma potiguar. Um ponto de encontro entre passado e futuro, antenas e raízes. E agora, com a força da lei, esse símbolo cultural tem seu lugar garantido na história.
Este ano o Festival acontece nos dias 17 a 18 de outubro e contará com a participação de artistas como Liniker, Marina Sena, Boogarins, Don L, Rachel Reis e Melly, entre outros. Os passaportes estão à venda na plataforma virtual Ingresse.